Rota histórica tem relevância reconhecida
O bicentenário Caminho do Comércio a a ser considerado de interesse cultural em Minas, possibilitando o fortalecimento do turismo e a geração de oportunidad
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Siga noUma das mais importantes rotas históricas do Sudeste brasileiro ganha status de "relevante interesse cultural" de Minas. Trata-se do Caminho do Comércio, via com mais de 200 anos que liga as Gerais ao Rio de Janeiro, ando por São João del-Rei e Madre de Deus de Minas, na Região do Campo das Vertentes, e Andrelândia, Arantina, Bom Jardim de Minas e Rio Preto, no Sul do estado. A decisão referente ao trecho mineiro do Caminho do Comércio está na Lei Estadual 25.288, sancionada pelo governador Romeu Zema e publicada nesta quarta-feira (11) no Diário Oficial de Minas Gerais.
Em sua decisão, Zema destacou que o reconhecimento “tem por objetivo valorizar bens, expressões e manifestações culturais dos diferentes grupos formadores da sociedade mineira”. Conforme gestores municipais, o destaque deverá garantir a preservação da história mineira, fortalecer o turismo regional e gerar oportunidades econômicas. O projeto de lei foi de autoria do ex-deputado João Leite.
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Um dos pioneiros na ação para reconhecimento do Caminho do Comércio, o historiador Rodrigo Magalhães, mineiro de Rio Preto, afirma que agora vem a segunda etapa do trabalho: colocação de marcos de sinalização, formação de comitê gestor para maior integração dos seis municípios mineiros, tombamento de resquícios da rota original, como de pouso de viajantes, a exemplo das ruínas de São Gabriel, em Rio Preto, e outras medidas para orientar os visitantes.
“Começamos as pesquisas e trabalho de campo em 2021. Importante ressaltar que o Caminho era uma rota de abastecimento”, conta Magalhães, vereador em Rio Preto, membro da Academia Valenciana de Letras (Valença, RJ) e autor do livro “Estudos históricos sobre o Caminho do Comércio”, com o vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Marcos Paulo de Souza Miranda. Ele adianta que no lado fluminense (Valença, Nova Iguaçu, sobressaindo Iguaçu Velho, e Rio), há articulações para garantir o mesmo reconhecimento.
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O secretário de Cultura e Turismo de Bom Jardim de Minas, Felipe Faria Teixeira, explica que o caminho ainda não está restruturado nem sem operado por agências e turismo. “Não há um georreferenciamento, portanto, as pessoas precisam esperar para fazer as trilhas”, explica Felipe, que diz conhecer 95% do trajeto dentro do seu município. “São cerca de 50 quilômetros, aqui, em áreas montanhosas e de grande beleza. De São João del-Rei à divisa com o Rio, há edificações históricas, ruínas, cachoeiras e outros atrativos. Vamos, agora, começar a fazer o mapeamento em Bom Jardim de Minas, para posterior sinalização, e articular com as cidades vizinhas para criação do comitê gestor.”
Família Real
A história do Caminho do Comércio começa no início do século 19. A chegada de Dom João VI e família real portuguesa ao Brasil, em 1808, fez aumentar consideravelmente a população do Rio de Janeiro (1767-1826). Assim, em 14 de novembro de 1811, a “Real Junta do Commercio, Agricultura, Fabricas e Navegação do Estado do Brazil e seus Domínios Ultramarinos”, órgão integrante da istração joanina, determinou a abertura dessa nova rota.
Naquele início do século 19, o Caminho Novo da Estrada Real, aberto no 18, era muito longo e não conectava o Rio diretamente à principal área de produção de alimentos de Minas – regiões Sul e Campo das Vertentes –, se tornando obsoleto e inadequado. A situação motivou a criação do Caminho do Comércio, então mais curto e econômico, que possibilitava o abastecimento da Corte com as produções mineiras (bois, porcos, toucinho e queijos).
Além de comerciantes, muitos cientistas estrangeiros, conforme pesquisas, percorreram o trajeto durante o século 19, entre eles o francês Auguste de Saint-Hilaire (1819), os ingleses Robert Walsh (1829) e Charles James Fox Bunbury (1835) e o alemão Ernst Hasenclever (1839). Ao longo dos anos, a via recebeu melhorias, inclusive no trecho fluminense, e ficou conhecida também como Estrada do Comércio.
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Proteção garantida
A exemplo do trecho mineiro do Caminho do Comércio, os bens reconhecidos como de relevante interesse cultural nos termos da lei poderão ser objeto de proteção pelo estado. Isso ocorre por meio de procedimentos istrativos de iniciativa dos órgãos competentes para a execução da política de patrimônio cultural, conforme a legislação.