Por que a maior praia do mundo ainda é um destino pouco explorado?
Mesmo com 254 km de extensão, a Praia do Cassino ainda não figura entre os principais roteiros turísticos do país
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Siga noEla ostenta um título que nenhum outro destino no planeta possui: a maior faixa contínua de areia do mundo. São 254 km de praia ininterrupta, do Rio Grande do Sul (RS) até a fronteira com o Uruguai. Ainda assim, a Praia do Cassino permanece fora dos roteiros mais populares do Brasil e quase invisível para turistas estrangeiros.
Enquanto lugares como Jericoacoara, Fernando de Noronha e Balneário Camboriú se consolidam como potências turísticas, a Cassino segue entre o esquecimento e o potencial adormecido. O que explica esse cenário? Por que o turismo na maior praia do mundo ainda não decolou?
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4 motivos que explicam por que o turismo na Praia do Cassino ainda é tímido
Mesmo com atributos únicos e paisagens que vão do oceano aberto a áreas de preservação, o turismo na Praia do Cassino esbarra em obstáculos que vão além da distância dos grandes centros. Veja abaixo os principais fatores que ajudam a entender por que esse destino ainda é pouco explorado:
1. Falta de infraestrutura básica ainda afasta visitantes
Fora do centro urbano, a infraestrutura turística é bastante limitada. Ao longo dos 254 km de faixa de areia, são raros os trechos com banheiros públicos, sinalização, postos de salva-vidas ou coleta de lixo regular. Nos pontos mais ao sul, rumo ao Chuí, o o depende de veículos 4x4 ou trilhas improvisadas.
Segundo relatório da Secretaria Municipal de Turismo de Rio Grande do Sul, mesmo com um pico sazonal de visitantes no verão, principalmente moradores do próprio estado, a estrutura não acompanha o crescimento do fluxo. Sem investimento permanente, a experiência para o turista de fora se torna inviável.
2. Divulgação nacional praticamente inexistente
A Praia do Cassino ainda está fora do radar das grandes campanhas de marketing turístico no Brasil. Agências de turismo locais apontam a ausência de divulgação em feiras nacionais, redes sociais oficiais e até mesmo nos canais do Ministério do Turismo.
Na prática, isso significa que milhões de brasileiros sequer sabem que a maior praia do mundo está no país. Sem visibilidade institucional, o destino perde força na hora de competir com outras regiões, mesmo tendo um atrativo geográfico único.
3. Potencial ecológico e científico subaproveitado
A região é rica em biodiversidade e tem grande valor ambiental. É possível observar espécies como tartarugas marinhas, aves migratórias, lobos-marinhos e pinguins-de-Magalhães, dependendo da época do ano. Mesmo assim, não há roteiros ecológicos estruturados, nem centros de interpretação ou sinalização educativa.
A Universidade Federal do Rio Grande (FURG) realiza estudos constantes na área, mas o turismo científico e educativo ainda não encontrou respaldo político ou econômico para se transformar em experiência para o visitante.
4. Turismo de base comunitária ainda é incipiente
Alguns projetos tentam impulsionar o turismo sustentável na Praia do Cassino, com foco em hospedagens familiares, guias locais e experiências culturais autênticas. No entanto, a falta de capacitação contínua, incentivos públicos e infraestrutura adequada ainda trava o crescimento desse modelo de negócio.
Sem uma cadeia produtiva fortalecida, o turismo na região fica concentrado em poucos períodos do ano e não consegue gerar renda sustentável para a comunidade local.
Mesmo com todos os desafios, a Praia do Cassino continua sendo um gigante silencioso do litoral brasileiro. Seu tamanho, história e valor ambiental a tornam um destino com enorme potencial, mas que precisa ser descoberto e valorizado por quem faz e consome turismo no Brasil.
Talvez esteja na hora de olharmos menos para fora e mais para dentro. Afinal, temos no extremo sul do país a maior praia do mundo esperando para ser redescoberta.